quarta-feira, junho 18, 2008

cicuta

no arroz-feijão
de cada dia

sempre estar de novo
sem sintonia

cada hora passar mais lenta
vertiginosa

as portas se sucederem num labirinto
sem sentido direção

o sol nascer mais tarde nessas manhãs
estranhas do inverno

longas noites fechadas nas paredes camas lençois estrelas
angustiantes

estável desespero respirável ar denso
quase em desconforto
alinhavado nas ranhuras
da alma posta

as pilulas não preenchem
o vazio o estranho o cinzeiro a poeira
que insistem em se esconder
nos cantos do armário
lacrado

tensa retesa verdade
vidro de aquário cárcere
diante do grande público
insistente em aplaudir
enquanto admira vísceras
expostas ao seu deleite
poema

cicuta

1 Notas:

Blogger Unknown said...

Adorei, as vezes me sinto assim!

4:18 PM  

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