terça-feira, novembro 28, 2006

uma carta perdida para alguém perdido em algum tempo que já não lembro mais qual é.



são tantas noites
a se fingir
de dia

e tantas coisas
que quebrei
(em mim)

eu sinto muito

não descanso as horas
alongo os instantes
na letargia da alma inquieta
remoendo as migalhas

era bomba era fogo
era um pedaço exato
foi o instante que perdi
e a miséria que tenho em mim

eu sinto muito

existir entre o pão e a espada
capataz incapaz de si
dilacerando a poesia
dos instantes
pra ver se tira dos restos
algum sentido

e subito descobrir
que o mundo é desmistério
ferramenta do óbvio acaso
sonho impregnado na matéria
e não há despertar

eu sinto muito

sexta-feira, novembro 24, 2006

esse texto aqui eu fiz a pedido do meu amigo Rod Britto. na época ele estava lançando a série PAF (Pequeno Alto Falante), dentro do trabalho que ele já fazia com essa marca (jornal, evento, intervenções urbanas) e me chamou para publicar uma edição especial com poemas meus dentro da temática "Poemas Confessionais". parei muito para pensar, queimei a minha pouca mufa e finalmente eu escrevi esse poema - o mais confessional que eu consegui.

O QUE DIGO

não vou contar
que sofro de gases
e tiro caquinha do nariz
escondido (ou nem tanto)
e que as vezes me divirto
soltando pum
e deixando todos constrangidos

que as vezes saio sem cueca por baixo
minto nos meus poemas
e finjo ser melhor amante
e mais romântico
e apaixonado
do que verdadeiramente sou

nem mesmo insinuo
o quão cretino me sinto
em alguns dias
quando percebo o quão idiota é o mundo
e acho isso divertido

nunca contarei
das minhas loucuras ridículas
paranóias insanas
de minha mente fertil
nem dos deuses que invento
a cada manhã
lendo o jornal

ignorarei
que o leite fica mais caro a cada dia
e não existem mais
os leiteiros de drummond
e a caxinha longa vida
é feia de tão ascética

não direi a verdade
que não sei amar direito
que a paixão é a minha doença
e minha mente nunca fica
muito tempo nos mesmos pensamentos
e eu estou sempre olhando distante

nem escreverei
o quanto sou tosco em meus pensamentos
que não dou muita bola
pra regras sociais de convivio
e as vezes tenho vontade de mandar
tomar no cú
uma porrada de gente

em minha poesia

mostrarei somente
o que percebo
do mundo

impressões

a única verdade
objetiva

quarta-feira, novembro 22, 2006

concordo:
eu fui um canalha
quando dei a ela
o poema que fiz para a outra,
mas foi ela que insistiu.

(não sabia?
que nunca escrevo
poemas ao verdadeiro amor.
apenas caprichos
e desejos)

sexta-feira, novembro 17, 2006

da série "deu mole eu to pegando"... roubei estes versos da simpática bruna beber que, além de responder a um convite, ainda visitou este humilde e esquecido blog. sim, mais um poema roubado sem prévio consentimento. um dia me batem.

Travessão

Eu passo a palavra aos insones descabelados/ com dívida no carnê do Jardim da Saudade®/ que caminham nus em madrugadas frias/ até os trampolins rachados/ que dão para o mar/ e dentro do mar um ralo entupido de cabelos/ para mudar o rumo das marés com um suspiro/ de amor.

Bruna Beber
dos antigamentes... um poeminha meu da agenda da tribo 2005...

"O FATO
(poema para um amigo desesperado)

A vida é fato:
Relaxa
Senão não encaixa.

É nessa tecla que eu bato
Enquanto não chega o fim
Colha as flores do jardim"

quinta-feira, novembro 16, 2006

uns pequenos versinhos vulgares...

"O anel que tu me destes
tinha prega e se rasgou
O amor que tu me tinhas,
sua vadia, acabou."

(sim, são meus)

quinta-feira, novembro 09, 2006

FALSA NOVELA

falsa novela:
pretensa cena de cinema.
-corta! recortes,
pedaços. inteiro
prossigo.

tudo isso. somos feitos
assim,
meio tortos mesmo.